Um Começo - O Sonho
Scott cresceu em uma família comum, com aparente harmonia com relação a seu contato com os pais, frequentava escola particular, gostava de jogar Uno com seus amigos de baixo da cobertura da cantina do Seu-zé que era na esquina da rua onde morava; aparentemente o que começava a mudar era que Scott passava a ter um sonho rotineiro, no começo parecia apenas um sonho comum, mas, por se repetir tantas vezes, foi digno de não ser considerado medíocre. Scott se via caminhando em plataformas de pedra no qual os lados não possuíam paredes, a vista dava para o horizonte, coberto por nuvens cinzentas, ao longe ele via interseções nessas plataformas de pedra que davam para outras plataformas que levavam ao infinito, ele estava perdido; nas primeiras vezes que sonhou, ele andava sobre essa plataforma tentando chegar a um fim, mas nunca chegava, quanto mais caminhava mais longe parecia ficar, nas outras vezes ele simplesmente parou e observou, parecia que o horizonte se aproximava dele quando mais estático ele sentia estar, até que um dia ele simplesmente transcendeu sua razão de tentar entender o caminho e aceitou o existir desse caminho, foi quando, ao observar onde estava sentado, que até então era uma plataforma, se viu sobre um mar de teias, e abaixo de si estava vários prédios, casas, pessoas andando para lá e para cá, carros, barulho, enfim, marcas de uma cidade grande; ele contemplou o que via em baixo e se perdeu nisso, até que um barulho pegajoso o despertou desse transe e ele se viu sendo observado não por alguém que estava em baixo, mas alguém que estava também sobre a teia, ele sentiu medo e acordou.
O Despertar - A Fuga
Scott fora perturbado por essa estranha revelação, existia sua negação e sua aceitação, parte de si concebia essa experiência como autoexplicativa, e outra parte, a parte racional determinada pela instituição, negava com discursos competentes; o resultado desse dilema alterou sua forma de portar frente às suas situações diárias, ele se excluiu mais, ficou mais calado, tinha seu próprio dilema para superar, até que a partir de certo ponto, não podendo este determinar ao certo quando, ele começou a se sentir observado, ao ponto de isso o incomodar muito, ele não sabia aonde e quem, mas isso parecia se intensificar.
Um dia chuvoso se abriu numa manha de domingo, Scott estava sentado na sua cama olhando para o vazio na paisagem que dava da sua janela, de repente ele se assusta com um estampido e uma luz ofuscante, ele pula da cama para trás e dá de cara com uma criatura estranha, tinha a forma de um inseto bípede com cara de esfinge egípcia e asas de anjo, a primeira sensação que teve foi de medo, ele sentiu que deveria fugir dali, a criatura abre a boca e se prepara para disparar algo, mas outro estampido se segue e Scott se vê rodeado de um fogo azulado, a criatura expele uma bola pegajosa que bate na barreira flamejante que rodeia Scott e se dissolve no ar, o fogo se molda em frente ao garoto e toma forma semi-humana, Scott aterrorizado corre, abre a porta, e sai, ele percebe que seus pais estranhamente não estão ali, deveriam estar !! ele grita pelos pais mas ninguém o ouve, ele sente desespero e sai pela rua: estava vazia, Scott corre pelas ruas que conhecia, até correr pelas ruas desconhecidas, sem nexo, sem rumo.
A Verdade - O Mago
Scott acorda em uma maca branca, uma luz forte no seu rosto, ele lembra de ter corrido pela cidade até se cansar, não lembra exatamente quando fechou os olhos, não lembra como parou ali, mas lembra o que houve, o fogo azul, o inseto bizarro, ele queria respostas, uma porta abre:
???? - Scott Marverick ?!
Scott se vira e vê um homem careca, ele se apoia em uma espécie de bastão com uma esfera na base superior.
Morpheu - eu me chamo Morpheu, imagino que você tenha muitas duvidas ...
Scott tenta ignorar o homem, se levanta mas se sente bem tonto para prosseguir.
Morpheu - acalme-se, as respostas virão ...
Scott se sente tomado por uma calma súbita, quase sobrenatural, ele passa a se sentir disposto a seguir o estranho. Morpheu o guia sobre vários corredores com aspecto futurístico, várias pessoas passam de lá pra cá, todos vestindo como se fossem aquelas nos filmes de sci-fi, enquanto caminham Morpheu a principio faz comentários sobre a instalação, comenta que aquele local é subterrâneo, fala que todos ali são "diferentes" como ele, e muitas outras coisas, até chegarem à uma sala, era a sala de Morpheu, eles entram e Scott se depara com uma sala revestida de vidro que tem como visão a cidade vista de cima, Scott demora um tempo para perceber que aquilo não era uma pintura, era uma visão real, mas como pode ?!
Morpheu - então, lembra que eu comentei que todos aqui eram "diferentes" ?
Scott - hmm ... sim ...
Morpheu - então, eu não me referi só a os que aqui já viviam, mas a você também, você agora é parte desse todo ... você é diferente ...
O garoto parece estar mais certo do que estava pra ouvir.
Morpheu - você, é um mago.
O Horizonte - A Gestalt
Anos se passaram, Scott aprendeu a encarar o mundo de forma diferente, aprendeu a deixar tudo que tinha pra trás, não era o mesmo, não era o que era, nunca foi, agora enfim podia ser algo, desprovido de um não ser; Scott aprende a tentar buscar a resposta em si mesmo, o principio era o "Eu", e ele sentia que grande parte do que deveria descobrir tinha haver com seu Sonho, o Horizonte. Scott aprendeu muita coisa com os Adeptos da Virtualidade, a base subterrânea dos magos daquela tradição, ele não concordava muito com a forma deles de ver o mundo, mas sempre foi muito diplomata, enquanto estava ali ele assim seria. Tempos em tempos ele saia da base, olhava como estava lá fora, tentava procurar indícios que o levariam para sua busca pelo Horizonte, muito tempo se passou e nada, ele começou a ficar decepcionado, até que procurou grandes mestres de mente para que o ajudassem a encontrar a resposta em si; em uma das seções que teve com um adepto, ele reviveu a experiência da sua fuga de casa e conseguiu observar com clareza um Símbolo nas costas do fogo azul com forma de humano, símbolo esse que então passou a procurar. Pouco se sabia sobre o símbolo, a internet, o sistema de informações que os humanos criaram para deixar suas vidas mais praticas, não revelava nada, parecia que era algo que estava "acima" dessa rede de informações; Scott decidiu que deveria partir para viver sozinho, Morpheu não aconselhou tal ato, mas aceitou.
Scott constrói uma dupla vida no mundo terrano, se torna um contador de uma empresa conhecida na região onde ele frequenta em horas pré-estabelecidas e faz vários processos financeiros de contas de usuários da empresa, ele então começa a comprar todo tipo de livro, e formar sua própria biblioteca, tentando superar sua angustia por informação, tomando para si também livros sobre o sobrenatural, adquiridos pelos seus antigos colegas adeptos. Certo dia Scott arrumando uma prateleira da sua biblioteca pessoal é surpreendido por um estampido seguido de uma coloração azul que se revela como chamas na forma de um homem, Scott reconhece aquilo:
Scott - Quem é você, o que é você !!
A medida que o homem incorpóreo fala, apenas um ruído semelhante à lenha sendo queimada na fogueira se escuta pelos ouvidos humanos, mas estranhamente em sua mente o que ele fala é claro.
???? - Eu sou você ...
Scott - O que ??
???? - Eu fui você, sou você e serei você ... sou sua angustia de se conhecer ...
Scott - Eu não entendo ...
???? - Procure o
Arquimago Setsuga, ele te fará entender o Horizonte ...
Com isso o fogo some com um estampido; A partir daquele momento Scott começa a enxergar objetivamente sua busca e a toma como objetivo de vida sua Busca pelo Horizonte.